[Comunidade] A Aventura com Bicicletas do Supermercado na Costa Alentejana em 2011

No verão de 2011, enquanto ainda frequentavam a faculdade, dois amigos decidiram embarcar numa jornada única, repleta de emoção e desafios. Munidos apenas das suas modestas bicicletas de supermercado completamente improvisadas, as disponíveis na época, lançaram-se na estrada com a esperança de vivenciar momentos inesquecíveis, desfrutar de atividade física e simplesmente perder-se na aventura.

Uma das peculiaridades notáveis dessa expedição foi a abordagem despreocupada em relação à distribuição de peso nas bicicletas. Concentraram grande parte do equipamento essencial nas suas mochilas, transformando-as em verdadeiros depósitos ambulantes. Tendas, ferramentas, latas de comida, mudas de roupa para três dias, produtos de higiene e equipamento de campismo eram transportados nas costas, conferindo um peso considerável de 25 a 30 kg em cada mochila. É curioso observar como no mundo do ciclismo, muitos entusiastas acabam por desembolsar quantias exorbitantes, tudo em busca de poupar meros 100 ou 200 gramas em cada componente que carregam consigo. Num esforço para aliviar o peso das suas bicicletas, os ciclistas tornam-se verdadeiros "aficionados da leveza", dispostos a investir em peças de alta tecnologia e materiais ultraleves. E entretanto nós com estas bicicletas e olhando para tudo menos essa poupança.

O ponto de partida foi Lisboa, com a primeira etapa realizada de comboio da estação de Campolide até ao Coina, onde a verdadeira aventura começou. Após o dia a pedalar o destino inicial foi Azeitão, onde acamparam num terreno de um conhecido. Cozinhar refeições simples à beira da estrada com um pequeno campingaz tornou-se parte da rotina, alimentando não apenas os seus corpos, mas também o desejo ardente de continuar.

No dia seguinte, a expedição seguiu rumo à Serra da Arrábida, passando por Azeitão até Setúbal. De Setúbal, embarcaram em ferries até Tróia, expandindo ainda mais os horizontes da sua ousada aventura. Contudo, alguns quilômetros após a Comporta, um contratempo inesperado interrompeu a jornada: a bicicleta de Lucas apresentou um problema no eixo pedaleiro. O imprevisto forçou-os a regressar à Comporta, onde, por sorte, encontraram um carpinteiro disposto a abandonar as suas obrigações profissionais para ajudar na reparação do parafuso do eixo pedaleiro.

Após o reparo improvisado, a expedição retomou o seu curso, mas, infelizmente, não por muito tempo. Alguns quilômetros após deixar a Comporta, os sinais de instabilidade no reparo surgiram novamente, levando-os a encerrar prematuramente a aventura. Num cenário distante e desafiador, entraram em contato com um familiar que veio ao resgate.

O que restou dessa audaciosa experiência foi um desejo fervoroso de retornar no ano seguinte, melhor preparados e ansiosos por novos desafios. O sentimento único de aventura e descoberta, experimentado pela primeira vez por ambos, Lucas e o narrador desta história, permaneceu gravado nas suas memórias, alimentando a chama da curiosidade e da paixão por explorar o desconhecido.